O desaparecimento de pessoas segue como uma questão grave em Três Lagoas. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que, somente em 2025, 51 pessoas foram registradas como desaparecidas no município. Desde 2021, já são 210 casos, com uma média anual que se aproxima de 40 ocorrências.
Entre os casos que permanecem sem solução está o de Derlan José Pereira, desaparecido desde maio de 2023, após deixar uma clínica de reabilitação onde estava internado. Sua irmã, Mayra Pereira, relata que ele saiu apenas com a roupa do corpo, levando uma Bíblia e medicamentos, e nunca mais deu notícias.
“Ele nunca foi de sumir, sempre saía, mas voltava. Já se passaram dois anos e meio e a gente não sabe se está vivo, se está morto, se perdeu a memória. Minha mãe não dorme desde o dia em que ele desapareceu”, desabafa Mayra.
A mãe de Derlan, Sueli Marques, faz um apelo emocionado: “Pais e mães, não desistam dos seus filhos. Se eles pedirem ajuda, ajudem. Eu tentei ajudar o meu filho, mas ele saiu da clínica e até hoje não sei onde está. A vida da gente parou”.

Dados mostram perfil dos desaparecidos e problema na atualização de registros
Estatísticas apontam que, dos registros feitos em Três Lagoas, 65% das vítimas são homens, 33% mulheres e 1,5% não tiveram o gênero informado. Apesar da gravidade dos casos, muitos já foram solucionados, mas os boletins de ocorrência não são atualizados no sistema.
Essa falha, segundo o delegado regional da Polícia Civil, Ailton Pereira, prejudica tanto o levantamento real da situação quanto o trabalho investigativo. “Muitas famílias registram o boletim, mas depois que a pessoa é encontrada não voltam para dar baixa. Isso mantém os casos ativos no sistema e atrapalha outras investigações”, explica.
O delegado reforça a importância do registro imediato: “Não existe esperar 24 ou 48 horas. O boletim deve ser feito na hora, com o máximo de informações possível, para que a polícia aja rápido e com mais eficiência”.
A Polícia Civil afirma que os casos de desaparecimento recebem prioridade pelo sofrimento envolvido. “A gente sabe o quanto é difícil para a família e trabalha incansavelmente para localizar o desaparecido e trazer conforto aos parentes”, completou o delegado.
Enquanto isso, famílias como a de Derlan seguem na angustiante espera por respostas, em uma busca que já dura mais de 900 dias.


 
															 
															



 
															




