Comando Vermelho busca estabelecer domínio em MS e rivalizar com PCC, aponta investigação

Governador Eduardo Riedel participou de reunião com governadores para tratar de segurança pública e cita preocupação com avanço de facções no Estado

 

A identificação de quatro celulares em uma cela da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, há três anos, revela que a facção criminosa Comando Vermelho (CV) busca se estabelecer em Mato Grosso do Sul e rivalizar com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atualmente domina o crime organizado no Estado. As informações são de investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que apontou a criação de uma cúpula com 13 nomes para liderar a facção no território sul-mato-grossense.

A expansão do CV em MS é uma das preocupações do governador Eduardo Riedel (PP), que participou, na quinta-feira, no Rio de Janeiro, de uma reunião com outros governadores de direita para tratar de segurança pública. De volta ao Estado, Riedel afirmou que entre as ações necessárias está o aumento da integração entre as polícias, estaduais e federais, para criar políticas públicas de enfrentamento a esses grupos.

“A gente tem um problema de segurança pública seríssimo no Brasil. Eu fui ao Rio de Janeiro entender um pouco do que está acontecendo. Às vezes, a gente acha que está muito distante, porque está no Rio, em uma comunidade de lá, mas está aqui dentro do Estado. Aqui está o Comando Vermelho, aqui está o PCC, aqui tem uma fronteira que é rota de ilícitos, como drogas e armas. No presídio federal, tem membros de facção e estão vindo mais”, declarou o governador em entrevista nesta sexta-feira.

Estruturação do CV em MS

A investigação do Gaeco, realizada em 2022, mostrou que detentos estavam se articulando para fixar uma base territorial da organização criminosa em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de expandir sua atuação, rivalizar com o PCC e aumentar a prática de crimes. De acordo com os autos, os aparelhos celulares encontrados na Gameleira II teriam sido introduzidos no presídio com auxílio de servidores, o que levantou suspeitas e motivou a quebra de sigilos telefônicos e bancários dos investigados.

O chefe do grupo seria um detento carioca que cumpre pena em regime semiaberto no Rio de Janeiro, enquanto o vice-líder seria natural de Mato Grosso e, à época, estava preso na Gameleira.

Segundo o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, embora o PCC domine a maior parte do Estado, o Comando Vermelho já possui “ilhas” de influência em cidades como Coxim e Coronel Sapucaia. Já o PCC mantém presença em quase todas as cidades da fronteira com o Paraguai.

Este ano, após meses de relativa calma, tensões entre as facções voltaram a ser registradas, principalmente em regiões de fronteira. Coronel Sapucaia, Coxim e Ponta Porã foram palco de execuções relacionadas à disputa territorial.

No Presídio Federal de Campo Grande, a situação é distinta. Por ser um Estado de dominância do PCC, apenas membros do Comando Vermelho são transferidos para a unidade. É o caso de Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e de outros detentos que estavam em Bangu 3 e serão realocados para o sistema penal federal.

A investigação reforça que, embora o CV já atuasse em Mato Grosso do Sul como rota do tráfico de drogas e armas, a tentativa de organização interna e fixação de bases é recente e representa um novo desafio para as autoridades.

 

 

Compartilhe nas Redes Sociais

Banca Digital

Edição 262