Ex-delegado com 27 anos de carreira, primeiro senador gay assumido da Casa comandará investigações sobre tráfico, milícia e lavagem de dinheiro; Alessandro Vieira será o relator
O Senado Federal instalou nesta terça-feira (4) a CPI do Crime Organizado e elegeu por unanimidade o senador Fabiano Contarato (PT-ES) para presidir os trabalhos. Com um perfil técnico moldado por 27 anos de carreira como delegado de polícia, Contarato assume a missão de comandar uma das investigações mais sensíveis do Congresso.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), o senador capixaba definiu o tom de sua gestão à frente da comissão. “Assumo a missão de presidir a CPI do Crime Organizado com humildade e com um compromisso inegociável: investigar com independência, transparência e coragem. Será uma comissão para ir até o topo da cadeia criminosa, para identificar e responsabilizar não apenas os executores, mas também os líderes, financiadores e cúmplices que lucram com a violência e a corrupção”.

A indicação de Contarato é vista como estratégica, dado seu extenso currículo na área de segurança pública. Natural de Nova Venécia (ES), ele é formado em Direito pela Universidade Vila Velha, instituição na qual também lecionou. É pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal e possui especialização pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Antes de se eleger senador em 2018 pela Rede Sustentabilidade, Contarato ocupou diversos cargos de chefia no Espírito Santo. Foi delegado de delitos de trânsito por mais de dez anos, diretor-geral do Detran-ES e corregedor-geral do Estado na Secretaria de Controle e Transparência. Em 2020, foi indicado para integrar o Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Contarato é conhecido por um perfil independente. Em dezembro de 2021, deixou a Rede Sustentabilidade e filiou-se ao PT, tornando-se líder do partido no Senado entre 2022 e 2023. No entanto, demonstrou autonomia em maio do ano passado, quando foi o único senador petista a votar a favor da derrubada do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que acabou com a “saidinha” de presos.
Seu histórico na CPI da Covid, em 2021, também marcou sua passagem pelo Senado. Durante o depoimento do empresário Otávio Fakhoury, Contarato – que é o primeiro parlamentar gay assumido da história da Casa – relatou ter sido alvo de um ataque homofóbico. O episódio levou o senador a exigir e receber um pedido de desculpas públicas, além de cobrar a investigação do caso.
A CPI do Crime Organizado terá um amplo campo de investigação. O colegiado deverá apurar o tráfico de drogas, a atuação de milícias, o uso de fintechs, bancas de advocacia e criptomoedas para lavagem de dinheiro, e a necessidade de integração entre os órgãos de segurança pública e as Forças Armadas.
Ao lado de Contarato na condução dos trabalhos estará o senador Alessandro Vieira, que foi escolhido para ser o relator da comissão. A dupla terá a tarefa de coordenar as investigações que visam desmantelar as estruturas financeiras e logísticas do crime organizado no país.











