Proprietário foi preso em flagrante; produtos eram fabricados sem qualquer controle sanitário e com rótulos falsos, representando grave risco à saúde pública
Uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas foi desmantelada na última terça-feira durante a Operação Metanol, realizada pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) em parceria com a Decon (Delegacia de Defesa do Consumidor). A ação, que ocorreu na zona rural de Terenos, a 28 km de Campo Grande, revelou uma produção irregular de vodka, gin e vinho que reutilizava garrafas de diversas marcas sem qualquer higiene adequada.
A fiscalização foi realizada na Indústria e Comércio de Bebidas Terenos EIRELI, localizada na Estrada Colônia Nova. De acordo com o delegado Wilton Vilas Boas, responsável pela operação, o local funcionava sem autorização desde 2023 e já havia sido interditado anteriormente pelo Mapa.

“Constatamos que a fábrica estava em pleno funcionamento. As garrafas eram lavadas e reaproveitadas para envase de bebidas como vodka e vinho, o que caracteriza uma atividade industrial clandestina, sem acompanhamento técnico e sem registro no Mapa”, afirmou o delegado.
Produção irregular e condições precárias
Durante a vistoria, os fiscais encontraram evidências de que a fábrica operava de forma completamente irregular. Garrafas de diferentes marcas e formatos eram embaladas juntas em mesmo fardo, prática inexistente em produção regular.
“Eles montavam os fardos com o que tinham disponível. Dentro da mesma embalagem havia frascos de modelos diferentes”, explicou um fiscal.
No local, foram apreendidos:
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8 garrafas prontas para consumo
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Rótulos falsificados das marcas “Shirlof” (vodka), “Coquetel Alcoólico Shirlof Blueberry” e “Gin Shirlof”
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Sacos com tampas plásticas que imitavam as mesmas marcas
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Compostos químicos usados como aditivos
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Sacos de ácido cítrico e produtos industriais para alterar sabor e aparência
As condições de higiene eram precárias: as garrafas recicladas eram lavadas apenas com detergente comum e armazenadas sem condições sanitárias mínimas.
Defesa nega produção
A advogada Talita Dourado Aquino, que representa o empresário Márcio Roberto Veron (preso durante a operação), sustenta que o local não produzia bebidas desde 2020 e funcionava apenas para armazenar embalagens.
“O meu cliente foi surpreendido no local de trabalho, onde havia várias garrafas e objetos, mas sem produtos dentro. Foram encontradas embalagens vazias que seriam destinadas à venda”, afirmou.
O suspeito optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório até a conclusão da perícia.
Márcio Veron foi autuado em flagrante por crimes contra as relações de consumo, com pena que varia de dois a cinco anos de detenção.
A Decon alerta que bebidas fabricadas nessas condições podem conter substâncias tóxicas, como o metanol, capaz de causar cegueira, falência de órgãos e até a morte.
“O objetivo agora é rastrear toda a cadeia de produção, desde a origem do álcool até os canais de distribuição dessas bebidas falsificadas”, concluiu o delegado Wilton Vilas Boas.
A fábrica havia sido interditada em março de 2023 e teve seu registro de funcionamento cancelado definitivamente em 2024, tornando qualquer produção no local ilegal.











