Tenente tentou visitar presídio no RN onde estavam detidos advogados ligados à facção; Justiça autorizou busca e apreensão em sua casa e quartel

Um tenente da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Joelson Sebastião Balejo de Arruda, tornou-se alvo da Operação Blindagem, deflagrada na última sexta-feira (07). A ação investiga a atuação de uma organização criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) no tráfico interestadual de drogas. O oficial, residente em Corumbá, teve sua casa e local de trabalho alvo de busca e apreensão.

O envolvimento do tenente veio à tona após o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) enviar um ofício ao GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul, solicitando a apuração de sua conduta.
A investigação sobre o policial teve início a partir de uma tentativa de visita dele ao Presídio Estadual de Parnamirim, na Grande Natal, no dia 24 de abril deste ano. De acordo com o tenente, que estava de férias na cidade, ele compareceu à Companhia Independente de Policiamento de Guardas (CIPGd) e manifestou a intenção de “conhecer a estrutura da unidade e possivelmente conversar e realizar orações com os internos”.
A inteligência do presídio registrou a tentativa de visita e comunicou o MPDFT. O fato foi considerado suspeito, uma vez que, desde março de 2025, estão presos na unidade dois advogados ligados ao PCC e que são de origem do mesmo estado do policial, Mato Grosso do Sul.
Um dos advogados é Aline Gabriela Brandão, filha de José Cláudio Arantes, o “Tio Arantes”, apontado como uma das principais chefias do PCC no estado. Aline foi casada com Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como o “Especialista do PCC”, e é investigada por integrar uma quadrilha que teria movimentado mais de R$ 300 milhões de dinheiro do tráfico usando fintechs. Ela foi um dos alvos da “Operação Chiusura”, do MPDFT, uma ofensiva nacional contra a facção.
Justificativa considerada suspeita
O ofício do MPDFT ressalta como “extremamente suspeita” a tentativa de ingresso do tenente no presídio sem justificativa funcional. O documento destaca a coincidência de ambos – o policial e a advogada – serem de Mato Grosso do Sul.
Além disso, o MPDFT aponta que o tenente é natural de Corumbá, município que faz fronteira com a Bolívia. De acordo com os autos da investigação, estaria foragido no país vizinho justamente Thiago Gabriel, suposto companheiro de Aline e um dos líderes da facção criminosa.
A solicitação de apuração foi encaminhada para aprofundar a investigação sobre os fatos e os possíveis vínculos. A busca e apreensão autorizada pela Justiça teve como objetivo “esclarecer suas reais intenções ao procurar a unidade prisional e identificar eventual ligação com o crime organizado”.
O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi questionado sobre a abertura de sindicância ou afastamento do militar. Em nota, a corporação informou que acompanhou a operação e seus desdobramentos e já instaurou “procedimentos administrativos disciplinares” para apuração dos fatos.
A PMMS reforçou em sua nota que “reafirma seu compromisso inabalável com a ética, o respeito e a integridade em todas as suas relações, salientando que não toleramos qualquer tipo de comportamento que viole nossos princípios e valores”. A corporação também afirmou que “não coaduna com qualquer comportamento inadequado por parte de seus integrantes” e que outras medidas disciplinares poderão ser tomadas conforme o desenvolvimento das investigações.











