Anvisa conclui avaliação técnica da Butantan-DV e avança para fase final de aprovação; imunizante é nacional e protege contra os quatro sorotipos do vírus

O Brasil está a um passo de fazer história no combate à dengue. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu a avaliação técnica da Butantan-DV, a primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo, e deu um decisivo passo para a sua aprovação definitiva.

Na última quarta-feira (26), a Agência e o Instituto Butantan assinaram o Termo de Compromisso para estudos complementares e monitoramento pós-registro. Esta é a última etapa administrativa necessária antes da liberação oficial do registro do imunizante para uso na população.
Uma Vacina Nacional e Tetravalente
A Butantan-DV representa um marco para a ciência brasileira, sendo a primeira vacina contra a dengue desenvolvida por um laboratório nacional. Seu perfil é altamente estratégico:
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Dose única: Elimina a necessidade de múltiplas aplicações, facilitando a logística e a adesão da população.
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Tetravalente: Oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
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Tecnologia consagrada: Utiliza a mesma tecnologia de vírus vivo atenuado, já reconhecida como segura e utilizada em outras vacinas no programa nacional de imunizações.
A indicação inicial aprovada pela Anvisa é para pessoas de 12 a 59 anos, com a possibilidade de ser ampliada no futuro, conforme a apresentação de novos estudos.
Benefício-Risco Favorável em Meio a Cenário de Epidemia
Diante do cenário brasileiro, onde a dengue se configura como um dos principais problemas de saúde pública, a Anvisa concluiu que o benefício-risco da Butantan-DV é francamente favorável. O país enfrenta epidemias recorrentes com poucas alternativas de prevenção disponíveis no mercado.
O Termo de Compromisso assinado assegura a continuidade do acompanhamento da vacina, com a previsão de:
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Continuidade dos estudos clínicos já em andamento;
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Apresentação de dados adicionais ao longo do tempo;
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Monitoramento ativo da população vacinada.
O pedido de registro, protocolado em fevereiro, foi tratado como prioridade pela Anvisa. O ensaio clínico de Fase 3, que contou com mais de 16 mil voluntários, demonstrou um perfil de segurança robusto. As reações adversas observadas foram majoritariamente leves a moderadas, como dor de cabeça, exantema (manchas vermelhas na pele) e fadiga.
A eficácia global da vacina foi de 79,6% contra dengue sintomática na população de 2 a 59 anos, com proteção semelhante para quem já teve contato prévio com o vírus e para quem nunca foi infectado. Contra a dengue grave, que pode levar à hospitalização e ao óbito, a vacina mostrou uma tendência forte de proteção, com 90,0% de eficácia.
Com a conclusão desta última etapa burocrática, a expectativa é que o registro oficial da Butantan-DV seja publicado nos próximos dias. A aprovação da vacina marcará não apenas um avanço científico, mas uma poderosa ferramenta de saúde pública para reduzir casos, hospitalizações e mortes causadas pela dengue no Brasil.










