Mato Grosso do Sul transforma empresa mineral em gestora de ativos ambientais

2wbe6eqv7fcws

Estado sanciona lei que converte MS-MINERAL em sociedade de economia mista com foco em créditos de carbono, biodiversidade e economia verde

 

Nesta quinta-feira, 18 , Mato Grosso do Sul deu um passo decisivo para reposicionar sua atuação no mercado ambiental com a sanção da Lei nº 6.538. Publicada no Diário Oficial do Estado, a norma autoriza a transformação da antiga Empresa de Gestão de Recursos Minerais (MS-MINERAL) em uma sociedade de economia mista, que passará a se chamar Companhia Gestora de Ativos Ambientais de Mato Grosso do Sul (MS Ativos Ambientais).

A mudança representa uma guinada estratégica do Estado, que mantém a responsabilidade da empresa sobre a gestão de recursos minerais, mas amplia significativamente suas atribuições para incluir a comercialização de ativos ambientais, com destaque para créditos de carbono e créditos de biodiversidade.

Nova Frente: Sustentabilidade e Economia Verde

Na prática, a transformação amplia o papel da estatal para a gestão de serviços ecossistêmicos, vinculando a preservação e a recuperação ambiental a oportunidades econômicas que já movimentam mercados regulados e voluntários em todo o mundo.

Pelo texto legal, a MS Ativos Ambientais deverá operar em frentes variadas relacionadas à sustentabilidade, incluindo:

  • Comercialização de créditos de carbono derivados de manejo florestal sustentável

  • Implementação de iniciativas de manutenção de estoques de carbono

  • Execução de estudos e projetos de sustentabilidade com monitoramento de recursos hídricos

  • Apoio à gestão de recursos hídricos superficiais e subterrâneos

A lei também prevê a possibilidade de captação de recursos a fundo perdido e doações para financiar projetos ambientais, ampliando o leque de financiamento e permitindo maior integração entre iniciativas públicas e privadas.

Estrutura e Governança

Na estrutura administrativa, a MS Ativos Ambientais passa a ser uma entidade de direito privado com autonomia administrativa e financeira, embora permaneça vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

O capital social será majoritariamente público, podendo o Estado integralizá-lo com imóveis, ações de outras sociedades anônimas ou títulos da dívida pública – mecanismo que amplia a capacidade de formação de patrimônio e lastro para as operações.

A governança prevista inclui Assembleia Geral, Conselho de Administração, Diretoria-Executiva e Conselho Fiscal. O quadro de pessoal será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com contratações via concurso público, embora o Executivo tenha autorização para ceder servidores estaduais para compor equipes temporárias.

Impacto Operacional e Econômico

Com a nova estrutura, a companhia tende a funcionar como um braço operacional do Estado para estruturar projetos e criar instrumentos que conectem política ambiental, planejamento e financiamento, incluindo o emergente mercado de créditos ambientais.

A área de recursos hídricos ganha especial relevância na atuação da empresa, considerando a sensibilidade do tema para um Estado que precisa conciliar produção agropecuária, expansão urbana e preservação ambiental.

A combinação de regime privado com controle público busca dar agilidade operacional à nova empresa sem romper com mecanismos de fiscalização e controle, mantendo a companhia alinhada às diretrizes estratégicas do Estado.

A transformação posiciona Mato Grosso do Sul na vanguarda dos estados brasileiros na criação de instrumentos institucionais para capitalizar ativos ambientais, em sintonia com tendências globais de valoração dos serviços ecossistêmicos.

Compartilhe nas Redes Sociais

Banca Digital

Edição 269