Usina de Jupiá pede à Aneel para parar mais tempo devido a ‘invasão’ de plantas aquáticas

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia um pedido da concessionária da Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias, a UHE Jupiá, para ampliar as horas de paralisação de seus geradores. O motivo é um desafio ambiental crônico: o crescimento excessivo de plantas aquáticas e a infestação do mexilhão dourado no reservatório, localizado no rio Paraná, na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Segundo a Rio Paraná Energia S.A., responsável pela usina, o acúmulo de algas e os moluscos invasores têm bloqueado as grades de proteção das turbinas, forçando interrupções frequentes e prolongadas na geração de energia. Apenas em 2024, a usina gastou mais de 7,5 mil horas em atividades de limpeza e controle da vegetação.

Documentos técnicos apontam que a combinação de águas mais paradas no reservatório e a falta de saneamento básico em cidades da região criaram um ambiente ideal para a proliferação descontrolada das plantas.

O problema se intensificou com mudanças no perfil da matriz elétrica nacional. Com a maior participação de fontes intermitentes, como energia solar e eólica, as hidrelétricas como Jupiá passaram a operar por mais tempo com vazão mínima de água. Esse regime de fluxo reduzido favorece a estagnação e o crescimento massivo de algas.

Em setembro de 2024, a retomada da geração após meses de vazão baixa, combinada com ventos fortes, levou uma nova leva de vegetação até as turbinas. Uma das unidades foi contaminada por resíduos de plantas em decomposição e incrustações do mexilhão dourado, uma espécie invasora.

A regra atual da Aneel permite que a usina desconte até 360 horas de paralisação por unidade geradora para limpezas causadas por plantas aquáticas. Esse limite foi totalmente consumido ainda no primeiro semestre de 2024.

Diante da persistência do problema, a concessionária protocolou um pedido administrativo para afastar ou ampliar esse limite. A empresa argumenta que:

  • O problema é crônico e recorrente na região.

  • As características naturais do rio Paraná favorecem o crescimento das plantas.

  • As horas de paralisação já superaram, na prática, o limite normativo.

  • Mesmo com investimentos em monitoramento, os bloqueios continuam ocorrendo.

Enquanto aguarda a decisão da Aneel, a usina já adotou algumas medidas para mitigar o problema:

  • Revisão dos sistemas de monitoramento das turbinas.

  • Instalação de equipamentos de limpeza com jato de água de alta pressão.

  • Estudo de manobras operacionais para deslocar as plantas no reservatório.

  • Projetos para modernizar as grades de proteção.

Relatórios indicam que manobras controladas no fluxo da água podem ajudar a reduzir o acúmulo de algas temporariamente. No entanto, essas ações dependem de autorizações complexas, envolvendo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e órgãos ambientais, o que demonstra a interdependência entre geração de energia, gestão hídrica e licenciamento ambiental.

A decisão da Aneel definirá como a usina de Jupiá, uma importante geradora para o Centro-Sul do país, irá equilibrar a necessidade de manutenção preventiva com suas obrigações de fornecimento de energia, em um cenário onde fatores ambientais impõem desafios operacionais crescentes.

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Edição 269