A Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Três Lagoas encerra 2025 com um balanço que revela a persistente sombra da violência doméstica no município. De 1º de janeiro a 29 de dezembro, a unidade especializada realizou 880 atendimentos a mulheres vítimas de agressão. Os números foram divulgados pela Delegacia Regional de Polícia Civil e detalham a atuação policial ao longo do ano.
No período, foram instaurados 1.356 procedimentos policiais e concluídas 2.504 investigações. A força-tarefa resultou na efetivação de 84 prisões em flagrante por crimes praticados contra mulheres. Atualmente, a delegacia encerra o ano com 53 inquéritos em andamento.
Um dado que chama atenção é a drástica redução de 93,4% na abertura de novos inquéritos na DAM de Três Lagoas, se comparado a 2024. No ano anterior, foram abertos 795 inquéritos. Em 2025, esse número caiu para 53 novos casos instaurados. Apesar da queda estatística, a delegacia ressalta que a violência contra a mulher segue como uma realidade recorrente na cidade.
Segundo o perfil traçado pelas investigações, a maioria das ocorrências ainda envolve companheiros ou ex-companheiros. Os motivos mais frequentes são o consumo de álcool e a não aceitação do fim do relacionamento. As agressões se manifestam de diversas formas, incluindo violência física, psicológica e ameaças, configurando um ciclo de vulnerabilidade para as vítimas.
Em uma frente considerada positiva, o município registrou uma redução expressiva nos casos de feminicídio em 2025. O ano teve apenas um registro oficial do crime. A vítima foi Solene Aparecida Ferreira Corrêa, 46 anos, morta durante uma briga no bairro Jardim Imperial no dia 21 de outubro.
De acordo com as investigações, a discussão com sua companheira, de 43 anos, evoluiu para um confronto físico. O Samu foi acionado, mas constatou o óbito no local. A suspeita deixou o local inicialmente, mas depois entrou em contato com a polícia, informou sua localização e se entregou. O caso foi registrado como feminicídio e segue sob os trâmites legais.
Entretanto, dados do Monitor da Violência Contra as Mulheres – ferramenta desenvolvida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) – revelam a gravidade histórica do problema. Entre 2015 e 2025, Três Lagoas registrou 27 feminicídios, um número que coloca a cidade em alerta constante e evidencia a necessidade de políticas contínuas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero.
Os dados de 2025, portanto, apresentam um cenário de contrastes: enquanto indicadores formais como a abertura de inquéritos caíram drasticamente, o volume de atendimentos e a natureza das ocorrências mostram que a violência doméstica continua a demandar atenção urgente das autoridades e da sociedade como um todo.










