Além de alunos de medicina, grávidas também são usadas como ‘mulas’ de traficantes estrangeiros, diz polícia

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Além de estudantes de medicina, traficantes utilizam mulheres grávidas, mães com crianças e universitários de outros cursos como “mulas” para levarem drogas do Paraguai para outros estados brasileiros, como explica o tenente-coronel e representante do Departamento de Operações da Fronteira (DOF), Wagner Ferreira da Silva.

“O crime tem dinamismo, busca mudar toda hora as estratégias e métodos. Rapidamente mudam o procedimento para tentar introduzir o ilícito. As ‘mulas’ já foram utilizadas como estratégia em outros momentos, menores já foram utilizados. Mulheres com criança e grávidas são utilizadas também. Os traficantes prendem as drogas no corpo das mulheres. Agora, estamos vendo essa facilidade dos estudantes”, relata o policial militar.

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Uma das principais rotas dos entorpecentes que saem do Paraguai é o Mato Grosso do Sul, em específico, Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense, que é vizinha ao município paraguaio de Pedro Juan Caballero.

Após denúncia de que alunos de medicina brasileiros que estudam fora do país receberiam até R$ 5 mil de traficantes estrangeiros para transportarem drogas em malas, o DOF foi procurado e explicou como a prática é vista pelos policiais que atuam diretamente com casos de tráfico internacional.

Para o tenente-coronel Wagner Ferreira da Silva, o uso das “mulas” – pessoas que são usadas para transportar drogas – é uma das estratégias utilizadas por traficantes para que o ilícito seja encaminhado ao “mercado” brasileiro. O representante do DOF destaca que este nova forma de tráfico já foi muito usada em 2019 e que vem voltando com mais frequência.

Tráfico e álibi

Wagner explica que os acadêmicos, não só de medicina, vem sendo utilizados pelos traficantes paraguaios pois possuem um “álibi muito bom”. Os estudantes da região de fronteira tem uma maior liberdade de ir e vir entre os países. Para sair do país estrangeiro, os alunos alegam que vão visitar os pais ou parentes, já para voltar o retorno para a universidade é uma das investidas para despistar a polícia, como explica o tenente-coronel.

“Estudantes de fronteira tem uma liberdade maior de ir e vir da fronteira. É muito comum os policiais abordarem os veículos e identificarem os estudantes indo e vindo. Os traficantes acabaram usando deste ‘álibi’ para transportar o ilícito. Desde de 2019 tem sido feito várias apreensões de estudantes, mas enxergamos como uma nova estratégia do tráfico. É uma facilidade para introduzir o ilícito”, comenta.

Pelo DOF, desde 2019, Wagner explica que foram feitas três apreensões de drogas com acadêmicos. Porém, o número pode ser bem maior, já que não leva em consideração as abordagens feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar Rodoviária (PMR).

“O crime é muito dinâmico. 77% da produção do total de maconha produzida no Paraguai ingressa para o Brasil. Tem uma oferta muito grande e uma demanda maior ainda. O mercado vai tentar introduzir a droga de qualquer forma. São vários problemas, várias nuances que devem ser colocados na balança para serem resolvidas”, detalha.

Festas e bares universitários são utilizados para pontos de encontro dos traficantes com os alunos, segundo Wagner. Porém, a prática e estratégia não é exclusiva da fronteira. “Os estudantes acabam frequentando festas e ali são pontos de encontro dos traficantes encontrarem mulas. Isso acontece no Brasil inteiro, não é um problema só da fronteira. A abordagem do traficante é mundial. O estudante é um alvo do tráfico”, finaliza.

Serviço

O DOF em Mato Grosso do Sul mantém um canal aberto direto com o cidadão para tirar dúvidas do telefone 0800 647-6300. Não precisa se identificar e, a ligação, será mantida em absoluto sigilo. O serviço funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

Estudantes de medicina com drogas
Alunos de medicina brasileiros que estudam fora do país receberiam até R$ 5 mil de traficantes estrangeiros, principalmente Paraguai e Bolívia, para transportarem drogas em malas ao retornarem ao país de origem para visitar familiares.

Há um ano, a Polícia Civil de São Paulo investiga esse esquema de cooptação de estudantes, que são usados como ‘mulas’.

“Estamos investigando há mais de um ano a informação de que traficantes estão arregimentando brasileiros estudantes de medicina em outros países vizinhos como ‘mulas’, como são chamadas as pessoas que são pagas para transportar as drogas”, disse ao g1 o delegado Fernando Santiago, titular da 4ª delegacia da Dise.

De acordo com a investigação, a escolha de alunos de medicina por traficantes demonstra que os criminosos estão selecionando pessoas aparentemente livre de quaisquer suspeitas.

“Alguns brasileiros que estudam no exterior e são cooptados por traficantes de fora, que veem vantagens nisso, já que os alunos costumam viajar com certa frequência ao Brasil para ver suas famílias. Numa dessas vindas, acabam trazendo drogas com eles”, explicou o delegado.

 

Fonte: G1

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