Uma empresa de São Paulo (SP) foi à Justiça, na comarca de Ribas do Rio Pardo (MS) exigir prestação de contas e informações por parte da Suzano S.A. e da Itapeva Florestal.
A Supra Participação e Administração Litda, do empresário Hiroshi Tahira, quer saber quanto a Itapeva Florestal faturou nos últimos anos, como anda o projeto de reflorestamento da Fazenda Mutum, e ainda deseja ter acesso às atas das assembleias de todos os anos da Itapeva, empresa que controla a fazenda, uma das maiores fornecedoras da Suzano no Brasil, e que ajudará a suprir a nova fábrica em construção na cidade de Ribas do Rio Pardo.
O contrato de arrendamento no valor de R$ 289 milhões, com validade por dois ciclos de plantio de eucalipto (matéria prima da celulose), assinado em 2021 e divulgado ao mercado financeiro pela Suzano S.A. em 2021, foi o que despertou a atenção de Tahira, proprietário da Supra Participações.
Tahira conta na ação em que ajuizou na comarca de Ribas do Rio Pardo que adquiriu participações da Fazenda Mutum na modalidade “sociedade em comandita por ações” nos anos 1970. Ao todo, são 17 certificados de participação no investimento.
A sociedade em comandita por ações é uma modalidade empresarial prevista na legislação brasileira. Similar à sociedade anônima, possui diferenciação de responsabilidade entre os acionistas, sendo que alguns possuem responsabilidade ilimitada e solidária, enquanto outros atuam como prestadores de recursos.
No caso de Tahira e da Supra, eles entraram como prestadores de recursos para o empreendimento, lá nos anos 1970. De lá para cá, apesar dos títulos, a Supra queixa-se de não ter sido comunicada dos atos praticados pelos controladores da Fazenda Mutum, no caso, a Itapeva Florestal. No processo, os advogados de Tahira, chegam a falar em “recusa de informações” por parte da controladora.
A fazenda
A Fazenda Mutum, atualmente, conta com uma área total de 51,9 mil hectares. Uma parte significativa da propriedade, excetuando a reserva legal, está arrendada para a Suzano desde fevereiro de 2021.
Nos anos 1990, a fazenda chegou a ser invadida por sem-terra. Em 2007, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cogitou criar na área da fazenda um projeto de assentamento maior que o da Fazenda Itamaraty, instalado na mesma época.
Com a chegada do polo produtor de celulose na Costa Leste de Mato Grosso do Sul, as fazendas da região, que estavam esquecidas e muitas delas improdutivas, nos anos 2000, voltaram a ser valorizadas no mercado.
Caso da Fazenda Mutum que conseguiu um mega contrato de arrendamento para garantir a matéria-prima para o Projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo, que pretende construir no local a maior unidade produtora de celulose do Brasil com investimento de R$ 21 bilhões.
Fonte: Correio do Estado