Jovem frequentou curso de Medicina e participou de partos sem estar matriculada

Jovem de família influente frequentou aulas e participou de partos no HU por meses sem vínculo com a universidade; caso foi denunciado por alunos

Thais Dias

A Polícia Federal foi acionada para apurar o caso de uma jovem que frequentou irregularmente o curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) sem estar matriculada. A situação veio à tona após denúncias de alunos, que constataram a ausência do nome da suposta acadêmica nos editais de seleção da universidade.

De acordo com a UFMS, após verificação interna, foi confirmado que a jovem não possuía vínculo acadêmico com a instituição. A universidade informou ter comunicado imediatamente o caso à Polícia Federal para as devidas providências.

Testemunhas relataram que a mulher participava ativamente da rotina acadêmica, incluindo aulas e atividades no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap), onde teria acompanhado partos e plantões. Em suas redes sociais, publicou fotos de atendimentos médicos, inclusive uma imagem ao lado de uma paciente e seu recém-nascido, com a legenda que sugeria sua participação no procedimento.

O Humap informou que, ao tomar conhecimento dos fatos, determinou a proibição de acesso da jovem às suas dependências e iniciou apuração interna sobre como ela conseguiu circular livremente pelo hospital.

A reportagem apurou que a jovem é de família influente no estado, com parentes produtores rurais, e prima de uma influenciadora digital com grande alcance nas redes sociais. Antes do episódio, cursava Biologia na UFMS, mas abandonou a graduação no início deste ano. Durante esse período, realizou estágio no Bioparque Pantanal.

Colegas que conviveram com ela a descrevem como alguém que costumava destacar suas conexões familiares. “Ela sempre mencionava a posição e os recursos da família para conseguir certos acessos”, relatou uma fonte.

A Polícia Federal deve investigar possíveis crimes como falsidade ideológica e invasão de estabelecimento educacional. Especialistas alertam para os riscos que situações como esta representam, especialmente em cursos da área de saúde, onde a atuação de não profissionais pode colocar vidas em perigo.

A UFMS informou que está revisando seus procedimentos de controle de acesso, enquanto o Humap anunciou o reforço nos protocolos de identificação de estudantes e profissionais. A jovem não se manifestou sobre as acusações, e o espaço segue aberto para seu eventual posicionamento.

O caso levanta questões sobre a segurança nos ambientes universitários e hospitalares, especialmente em cursos de alta responsabilidade como Medicina. Autoridades educacionais destacam a importância da fiscalização contínua para evitar situações semelhantes.

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Edição 262